Caio Calfat, da ADIT Brasil, fala sobre impactos da pandemia em documentário da Brain

Presidente do Conselho da entidade abordou mudanças nos mercados imobiliário e turístico 

Mês passado completou cinco anos do início do lockdown em virtude da pandemia da Covid-19, momento em que os estabelecimentos não considerados essenciais passaram por uma série de restrições e tiveram que interromper ou adaptar suas atividades. 

E para discutir os impactos que o coronavírus causou no mercado turístico e imobiliário brasileiro, o presidente do Conselho da ADIT Brasil, Caio Calfat, falou sobre os desafios para os setores em entrevista ao documentário Terreno de Mudanças: os 5 anos da pandemia e as transformações no mercado brasileiro, produzido pelo Brain Inteligência Estratégica.

“Aquelas primeiras semanas em que começou a se alastrar pelo mundo essa pandemia, a gente já ficou preocupado, porque o setor de turismo está intimamente ligado ao setor de viagens. Sem viagem, não tem turismo. E o setor de viagem seria fatalmente muito prejudicado”, relembra Calfat, que também é fundador e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Consulting. 

Com o fechamento de comércios, paralisação das indústrias e interrupção de serviços, executivos revelam os desafios enfrentados e a necessidade de reinventar suas operações para lidar com as restrições que o momento pedia. 

“Cada país era de uma maneira diferente, e era uma situação que só piorava, os hotéis só iam fechando, e a gente não tinha nenhum mercado melhorando. A gente começou com 9200 quartos, chegou uma hora em que já metade dos hotéis estavam fechados. Nossa regra sempre foi seguir todos os padrões de higiene e de limpeza, era seguir realmente 100% das regras locais”, conta Maria Carolina Pinheiro, vice-presidente de Desenvolvimentos de Negócios da Wyndham.

Pandemia e o aquecimento dos mercados imobiliário-turístico

Mesmo diante de um cenário de incertezas para as empresas, as pessoas passaram a avaliar e levar em consideração aspectos ligados à qualidade de vida, o que impactou diretamente nas vendas de imóveis e impulsionou o setor hoteleiro, levando ambos a uma rápida recuperação. 

“No caso da hotelaria de lazer, a própria pandemia contribuiu para o crescimento do setor, impulsionando segmentos como multipropriedade, resorts, hotéis de lazer e pousadas, [setores que] depois da pandemia continuaram crescendo”, comenta Caio Calfat. 

“Já em relação ao setor de negócios, muitos hotéis permaneceram fechados por mais de seis meses e, inicialmente, esperava-se uma recuperação ampla até 2027. Mas o setor de eventos e viagens de negócios acabou sendo muito aquecido. A partir do final de 2022, a gente já tinha um sinal de que as coisas iam melhorar, 2023 foi um bom ano e 2024 foi melhor ainda. Então, tudo indica que, sim, o setor de hotelaria de negócios já está a pleno vapor”, completa o presidente da ADIT Brasil. 

Com isso, o executivo acredita que já temos uma ampla recuperação do setor de hotelaria e de negócios. “Este é exatamente o tema principal do relatório da Brain. Aliás, é um relatório excepcional, que gostaria de elogiar publicamente. É, talvez, um dos melhores e mais importantes documentos que o setor imobiliário já produziu”, elogia Calfat.

Assim, se por um lado a pandemia trouxe muitas incertezas, por outro acelerou a inovação e aumentou a demanda desses mercados no país.

“A partir do final de maio [de 2020], nós já percebemos que a intenção de compra estava aumentando. Ela permaneceu ao redor de 20% em abril inteiro, mas no final de maio ela já tinha atingido perto de 25%, uma alta de 20%. Então, a gente falou ‘Opa, já existe uma acomodação’. Em junho ela já estava perto de 30% e, em julho, ela já tinha recuperado o nível pré-crise”, menciona Fábio Tadeu de Araújo, CEO da Brain. 

Para o presidente da ADIT Brasil, outro reflexo importante observado desde a pandemia foi a busca das pessoas por mais qualidade de vida.

“Esse aspecto foi muito evidenciado, e, aparentemente, isso permaneceu. Esses valores que foram adquiridos na pandemia deveriam ser valores eternos, mas não eram. E pelo volume de vendas de imóveis de segunda habitação no campo, nas praias, de multipropriedade, pelo desempenho dos hotéis de lazer nos destinos turísticos brasileiros, aparentemente esse valor de enaltecer, de criar, de dar importância à saúde e ao bem-estar, permaneceu”, conclui Calfat.

  • Graziela França – Head de Conteúdo da ADIT Brasil

Fonte: ADIT Brasil