Setor de multipropriedade cresce em 16,6%

Lançado durante o ADIT Share 2025, que acontece entre 10 e 13 de junho em Foz do Iguaçu, o relatório "Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil", produzido pela Caio Calfat Real Estate Consulting, apontou que a indústria brasileira de multipropriedades alcançou R$ 92,7 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) potencial, o que representa um crescimento de 16,6% em relação ao ano anterior.

Com base em levantamento detalhado junto a incorporadoras, administradoras e agentes do mercado, o estudo reúne informações sobre os 216 empreendimentos mapeados em diferentes status - 21 em fase de lançamento, 78 em construção e 117 prontos, totalizando 42.569 unidades habitacionais (UHs) em 97 cidades de 18 estados brasileiros. Destas, 3.688 estão em lançamento, 20.161 em construção e 18.720 são UHs de empreendimentos prontos.

A expansão do setor é sustentada por maior profissionalização, diversificação de destinos e aumento da confiança do consumidor, impulsionada pelo amadurecimento da regulação e da operação dos empreendimentos. Do total, 115 unidades, que somam 27.478 UHs, estão no Mercado Corrente, recorte que detalha as propriedades que atendem aos critérios de estar no mercado há menos de cinco anos de operação como multipropriedade e possuir estoque de frações inferior a 95%.

A edição 2025 do estudo reforça que a multipropriedade não apenas se consolidou como modelo viável e regulamentado pela Lei n° 13.777/18, mas também se tornou vetor de desenvolvimento regional e estímulo ao turismo. "Com crescimento estruturado, um ecossistema cada vez mais profissional e foco na experiência do cliente, o setor avança para uma fase marcada pela qualificação da oferta e se consolida como uma das frentes mais promissoras do mercado imobiliário e hoteleiro brasileiro", diz Caio Calfat.

Por regiões

O Sul do Brasil se mantém como a principal presença da multipropriedade, com 43 empreendimentos e VGV que supera os R$ 26 bilhões. O Rio Grande do Sul lidera o ranking nacional, com 18 empreendimentos, 5.020 UHs e um VGV de R$ 16,06 bilhões, seguido pelo Paraná; com 13 empreendimentos, 2.175 UHs e R$ 6,18 bilhões em VGV, e Santa Catarina, com 12 empreendimentos que somam 1.500 UHs e VGV de R$ 4,19 bilhões.

O Sudeste aparece com 26 empreendimentos, com destaque para São Paulo, que responde por 17 empreendimentos, 7.088 UHs e R$ 15,6 bilhões em VGV, seguido da participação relevante dos estados do Rio de Janeiro (quatro empreendimentos, 296 UHs e R$ 1,04 bilhão em VGV), Minas Gerais (três empreendimentos, 416 UHs e R$ 753 milhões em VGV) e Espírito Santo (dois empreendimentos, 61 UHs e VGV de R$ 134 milhões).

O Nordeste brasileiro mantém sua curva de crescimento e diversificação, somando 29 empreendimentos. A Bahia lidera na região com 10 empreendimentos, 1.622 UHs e um VGV de R$ 4,38 bilhões. O Ceará vem na sequência, com cinco empreendimentos, 1.226 UHs e R$ 2,72 bilhões em VGV. Outros cinco estados registram empreendimentos em diferentes fases que, somados, consolidam mais de R$ 7 bilhões em valor geral de vendas: Alagoas (três empreendimentos, 890 UHs e RS$ 1,24 bilhões em VGV), Pernambuco (dois projetos, 670 UHs e R$ 1,15 bilhão em VGV), Paraíba (quatro empreendimentos, 450 UHs e R$ 835 milhões em VGV), Rio Grande do Norte (três projetos, 519 UHs e R$ 1,07 bilhão em VGV) e Sergipe (duas multipropriedades, 360 UHs e R$ 2,80 bilhões em VGV).

A presença do modelo também avança pelo Norte do País. O estado do Pará concentra R$ 2,75 bilhões em VGV distribuídos em cinco empreendimentos, 2.352 UHs, enquanto Tocantins entra no radar com um projeto com 178 UHs e avaliado em R$ 245 milhões. A expansão para essas novas fronteiras indica o potencial de interiorização e adaptação da multipropriedade a diferentes perfis turísticos e regionais. Já o Centro-Oeste, tradicional berço da multipropriedade no Brasil, tem, em Goiás seu principal expoente, com 11 empreendimentos que totalizam 2.655 UHs e alcançam R$ 3,63 bilhões em VGV.

Novo fator

A edição de 2025 do relatório destacou a saída de 19 empreendimentos da oferta identificada nos relatórios anteriores. Para Caio Calfat, "isso não é motivo de preocupação e, pelo contrário, é considerado saudável. Em uma análise macro, de um lado, confirma o amadurecimento do mercado. De outro, nos diz que nem todos os projetos, empreendedores ou destinos são ou estão preparados para o modelo. Por fim, nos dá a certeza de que o estudo de viabilidade é parte imprescindível na indústria”, diz.

Embora não existam dados aprofundados que confirmem a história de cada empreendimento que deixou o modelo, o executivo acredita que se tratam de hotéis que foram convertidos em multipropriedade e que voltaram à sua configuração inicial ou se transformaram em residenciais, um movimento de reestruturação do negócio, ou que passaram por entraves jurídicos ou financeiros. "Nós conhecemos casos isolados que confirmam essa teoria, mas não podemos afirmar que isso ocorreu com os 19. O fato é que se não tivéssemos essas saídas, estaríamos falando de 235 empreendimentos mapeados no estudo", finaliza Calfat.

Fonte: HotelNews