Nordeste avança no mercado de multipropriedade e soma R$ 14 bilhões
Região reúne 29 empreendimentos de multipropriedade, com destaque para Bahia, Ceará, Sergipe e Alagoas
Ipioca Beach Residence, em Maceió, funciona no formato de multipropriedade no litoral Norte do estado. Foto: Divulgação
O mercado de multipropriedade segue em expansão no Brasil e no Nordeste esse crescimento já movimenta mais de R$ 14 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV). A informação é do estudo Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil 2025, da Caio Calfat Real Estate Consulting, divulgado na última terça-feira (11), durante o ADIT Share, em Foz do Iguaçu. A região contabiliza 29 empreendimentos ativos em sete estados, com aumento no número de unidades habitacionais (UHs) e avanço do modelo em cidades turísticas consolidadas e em novos destinos.
A multipropriedade é um conceito imobiliário em que o comprador possui uma fração do imóvel e pode desfrutar de até quatro estadias por ano, de acordo com a fração investida, nesta ou em outras unidades pertencentes à administradora do imóvel adquirido.
Segundo o estudo, no recorte regional, Alagoas aparece como o terceiro estado com maior número de unidades habitacionais em multipropriedade, atrás apenas da Bahia, Ceará e Sergipe. No entanto, considerando o volume financeiro, Alagoas se posiciona como o quarto maior VGV do Nordeste, com R$ 1,24 bilhão em potencial de vendas.
O estado soma três empreendimentos ativos, com um total de 890 unidades habitacionais. Um dos empreendimentos é o Ipioca Beach Residence, localizado na praia de Ipioca, em Maceió, duas torres, com um total de 256 apartamentos, lazer e uma oferta de restaurantes e outros serviços.
Ainda segundo o estudo, à frente de Alagoas, estão a Bahia, que lidera na região com dez empreendimentos e R$ 4,38 bilhões em VGV, e o Ceará, com cinco projetos e R$ 2,72 bilhões. Embora com menor número de empreendimentos, Sergipe chama atenção pelo alto VGV: dois empreendimentos concentram R$ 2,80 bilhões, o terceiro maior da região.
Outros estados nordestinos também registram participação relevante no setor. Pernambuco conta com dois projetos em multipropriedade, somando 670 unidades habitacionais e VGV de R$ 1,15 bilhão. Na Paraíba, são quatro empreendimentos, com 450 unidades e R$ 835 milhões em VGV. Já o Rio Grande do Norte reúne três projetos, totalizando 519 UHs e R$ 1,07 bilhão em VGV.
Ao todo, o mercado nacional alcançou um VGV de R$ 92,7 bilhões em 2025, um crescimento de 16,6% em relação ao ano anterior. O número de empreendimentos mapeados subiu de 200 para 216, com mais de 42 mil unidades habitacionais distribuídas em 97 cidades e 18 estados. Segundo Caio Calfat, o avanço do setor é impulsionado pela maior profissionalização dos operadores, diversificação de destinos e amadurecimento da regulação.
“Com crescimento estruturado, um ecossistema cada vez mais profissional e foco na experiência do cliente, o setor avança para uma fase marcada pela qualificação da oferta e se consolida como uma das frentes mais promissoras do mercado imobiliário e hoteleiro brasileiro”, afirma.
No Nordeste, o modelo de multipropriedade vem se consolidando em polos turísticos tradicionais, mas também se expande para regiões com potencial de valorização, o que reforça a interiorização e adaptação do modelo a diferentes perfis de viajantes.
Na multipropriedade, donos gastam mais e ficam mais tempo nos destinos
A pesquisa Hábitos de viagens de lazer dos compradores de férias compartilhadas no Brasil, elaborada pela Mapie, revela que os multiproprietários brasileiros viajam com mais frequência, por períodos mais longos e têm padrão de consumo mais elevado. Entre os entrevistados, 43% realizam viagens entre seis e dez dias, e a maioria (38%) gasta entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por viagem nacional.
O perfil predominante é de homens entre 40 e 69 anos, das classes A e B, que viajam em família e buscam conforto, segurança e flexibilidade. A posse formal ainda é um fator determinante: 49% afirmam que a escritura do imóvel foi decisiva para a compra.
“Apesar de a multipropriedade ser mais recente do que os outros modelos de férias compartilhadas, ela cresceu muito rápido no Brasil e ganhou força de posicionamento”, afirma Carolina Sass de Haro, sócia da Mapie.
Ela também observa que promoções e condições comerciais atrativas pesam mais do que a disponibilidade de feriados: “O que a gente observa na base de adquirentes é que, mesmo em um cenário de consumo cada vez mais orientado a modelos de uso compartilhado, a posse formal continua sendo um valor essencial”, diz.
O índice de satisfação também se destaca: 81% dos multiproprietários já utilizaram seus produtos. O Net Promoter Score (NPS), que mede o grau de recomendação, subiu de 15 para 29 pontos, refletindo melhora na percepção de valor e experiência entregue. “É um insight importante dessa edição, pois mostra que ainda existe espaço para melhora, mas os produtos estão cada vez mais qualificados”, comentou Carolina.
Fonte: Movimento Econômico