Valor Econômico | Multipropriedade ganha novos projetos no estado

A Região dos Lagos foi a localidade escolhida para o desenvolvimento de três novos empreendimentos deste modelo. O VGV somado pode chegar a R$ 804 milhões

O Miriad, um complexo com quase 13 mil metros de área construída em Arraial do Cabo, tem a fração avaliada em R$ 30 mil — Foto: MP CONSTRUTORA/DIVULGAÇÃO

O modelo de multipropriedade começa a se expandir no Rio de Janeiro. Ainda neste ano, será inaugurado o resort Miriad Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, onde também estão em desenvolvimento mais dois novos projetos: o Casa Búzios e o Santé Vivre L’Expérience, em Búzios. Juntos, os empreendimentos somam VGV de R$ 75,6 milhões já lançados, com potencial de chegar a R$ 804,5 milhões.

Os dados são de levantamento da consultoria Caio Calfat, que contabiliza dez multipropriedades em operação no estado, com cerca de R$ 1,5 bilhão em VGV. No Brasil, são 189 projetos, incluindo 83 lançados ou em construção, distribuídos por 81 cidades. O VGV potencial é de R$ 60 bilhões.

“Ainda não fechamos o relatório de 2023, mas podemos afirmar que esse mercado cresceu cerca de 10% no ano passado”, estima o consultor Caio Calfat. Consolidado em todo o mundo, o modelo de compra e usufruto de imóveis por períodos proporcionais ao aporte de capital ainda tem muito campo de expansão no país, em especial no Rio, onde essa modalidade de gestão ainda é pouco explorada.

 

Vista aérea do icônico Hotel Nacional, em São Conrado, um dos primeiros da cidade do Rio a operar no modelo de multipropriedade — Foto: RCI/DIVULGAÇÃO

 

Vice-presidente de Desenvolvimento e Relação com Investidor da Atlantica Hospitality International, Ricardo Bluvol considera o modelo tímido no Rio de Janeiro. A Atlantica é a operadora do Miriad e participa de múltiplos projetos hoteleiros e residenciais com serviço na capital do estado.

“Os imóveis no Rio vêm registrando muita valorização nos últimos anos, o que pode impactar essa janela de desenvolvimento de produtos imobiliários. A curva de crescimento impulsiona mais lançamentos futuros”, avalia Bluvol.

Bruno Murta, CEO da MP Construtora, parceira da Atlantica no projeto Miriad, concorda que o Rio está atrasado em relação a alguns pólos turísticos em que o modelo já está consolidado. “Serra Gaúcha, Caldas Novas, em Goiás, interior de São Paulo e cidades do Nordeste brasileiro são locais onde se encontram empreendimentos de sucesso com esse perfil”, destaca.

 

Foto aérea com a localização do Casa Búzios, na Praia Rasa, que terá um “beach club”, no detalhe, uma das casas com fração a partir de R$ 115 mil e direito a 15 dias por ano — Foto: Grupo ST/Divulgação

 

Um complexo com quase 13 mil metros de área construída, o Miriad terá 88 unidades de um quarto e varanda e “penthouse” com direito a churrasqueira e jacuzzi. O valor inicial de venda da fração é de R$ 30 mil com direito a uma ou duas semanas de uso por ano, dependendo da cota preestabelecida no ato da compra.

Líder global do segmento de intercâmbio de férias e multipropriedade, a RCI aposta na incorporação de hotéis no Rio para crescer, informa Fabiana Leite, diretora de Desenvolvimento de Novos Negócios na América do Sul. Com mais de 3,9 milhões de clientes em carteira e cerca de 4,2 mil hotéis e resorts afiliados em 110 países, o grupo está entrando no estado por meio de parcerias com o Hotel Nacional, o Casa Búzios e o Santé Vivre L’Expérience.

O icônico Hotel Nacional, projetado por Oscar Niemeyer nos anos 1970, é um dos primeiros multipropriedades da cidade. Começou a ser operado na modalidade em 2021, depois de quase duas décadas fechado. “Hoje, 40% da carteira é formada por residentes do Rio. A multipropriedade é nossa ferramenta para reposicionar o Hotel Nacional, recuperando o lugar de prestígio que ele sempre teve”, diz Leonardo Silveira, diretor de Multipropriedade do hotel, hoje no controle de um consórcio de investidores.

 

Varanda “garden” do Santé Vivre L’Expérience, em Búzios: fração a partir de R$ 45 mil dão direito a uma ou duas semanas por ano — Foto: RCI/DIVULGAÇÃO

 

O Casa Búzios, do Grupo ST, tem 130 mil metros quadrados de área na Praia Rasa, incluindo um “beach club”. Serão 165 casas no modelo “fractional ownership” e algumas vendidas de forma integral. A fração custa de R$ 115 mil a R$ 314 mil, com duas semanas de uso por ano.

Localizado na Praia de Geribá, o Santé Vivre L’Expérience terá 25 unidades de 41 a 83 metros quadrados. A inauguração está prevista para 2025. As frações, a partir de R$ 45 mil, dão direito a uma ou duas semanas por ano.

Fonte: Valor Econômico