Multipropriedade no Brasil foca em destinos turísticos

Compartilhamento de imóveis por temporada aumentou 17% em 2021 em relação ao ano anterior. Há 128 imóveis desse modelo no país, com VGV de R$ 28,3 bilhões

CASTELOS DO VALE/DIVULGAÇÃO

O sonho de poder usufruir de uma casa de praia ou campo nas férias tem se tornado realidade para um número cada vez maior de brasileiros com o crescimento do mercado de multipropriedade no país. Em 2021, 128 empreendimentos com esse perfil estavam registrados no Brasil, entre prontos, em construção ou em lançamento, índice 17% superior ao verificado no ano anterior. Os dados constam do relatório “Cenário do desenvolvimento de multipropriedades no Brasil 2021”, produzido pela Caio Calfat Real Estate Consulting.

O modelo consiste na aquisição de frações de um ou mais imóveis com direito de uso por determinado período ao ano, um formato conhecido no exterior como time sharing. De 2018 para cá, houve um crescimento médio anual de 24% no número de lançamentos. Não por acaso, a partir daquele ano passou a vigorar a Lei Federal 13.777, que trata exatamente dos direitos e deveres da multipropriedade imobiliária. Questões como garantia de registro em cartório, mobilidade de contrato para herdeiros, revenda das cotas ou permissão para locação do período contratado foram resolvidas, tornando o negócio sólido juridicamente e atraindo mais interessados.

Bastante difundido nos Estados Unidos e na Europa, o formato tem como principal atrativo a relação custo/benefício, em que o comprador pode desfrutar de residências de alto padrão investindo apenas uma parcela do valor do imóvel. Além disso, despesas com serviços de limpeza, segurança e manutenção são rateadas com os demais coproprietários, reduzindo drasticamente o custo final.

“A opção de ser dono de uma casa de férias pagando apenas pelo tempo de uso e dividindo todas as despesas com outras pessoas é muito aderente até mesmo para o comprador brasileiro, que costuma ser mais patrimonialista”, diz Wesley Reis, sócio-diretor da Mundo Planalto.

Caso o proprietário resolva não usar sua fração de tempo ou queira experimentar um novo destino, é possível intercambiar a estadia que teria direito com outras multipropriedades disponíveis ou colocar seu imóvel em um pool de locação pelo período de direito, gerando uma renda extra.

“Essa é uma compra aspiracional também. O modelo permite a aquisição da fração de imóveis a pessoas que não teriam condições de comprar o todo”, avalia Caio Calfat, diretor-geral da empresa que leva seu nome, presidente da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (Adit) e vice-presidente de Assuntos Turístico-Imobiliários do Secovi-SP.

A multipropriedade no Brasil tem mirado destinos turísticos fora do eixo Rio-São Paulo, com opções mais concentradas no interior e em balneários. No Sul, por exemplo, a região das Serras Gaúchas vem ganhando condomínios de luxo com esse perfil. Um deles é o Castelos do Vale Resorts, em Bento Gonçalves (RS), que abre as portas em novembro de 2025. Inspirado no Vale do Loire, na França, é o primeiro resort brasileiro dentro de uma vinícola e teve investimento de R$ 100 milhões. Suas cotas custam de R$ 34,9 mil para uma semana a R$ 69,9 mil para duas.

O Own Time — Home Club Gramado (RS) será inaugurado em três anos, com unidades dentro de um bosque de 36 mil metros quadrados no centro da cidade. “Os valores de compra variam conforme o período do ano e a tipologia do imóvel, podendo chegar a R$ 1 milhão”, diz Jeferson Braga, CEO e fundador da Owner Inc.

Fonte: Valor Econômico